quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Século XXI: Por que você não está gozando com a gente?

Depois de um longo tempo afastada do blog devido ao final de período na faculdade de Psicologia, eu venho novamente escrever aqui. Antes de mais nada, deixem-me antecipar algo: Eu não me ferrei como eu disse que gostaria no post anterior, cheguei muito perto e isso bastou para que eu mudasse minha postura. Hoje eu fico feliz que tenha sido assim. Enfim, neste post eu gostaria de escrever sobre algo que meu professor de Teorias e Sistemas Psicológicos I discutiu em sala de aula com a minha turma, antes das férias, e poder relacionar este assunto com conversas que tenho tido com meus amigos e certas coisas que ando observando nos jovens e adultos de hoje em dia. 
O professor de TSPI estava nos explicando sobre a diferença da estrutura psíquica Superego da época em que Freud a trouxe à luz da Psicanálise e esta mesma estrutura nos dias atuais - como Superego, irei resumir como a estrutura da mente responsável pela nossa moral e conduta, esta, sofrendo influência direta dos ideais da sociedade. Acontece que, na época em que o nosso querido Sigmund Freud criou este conceito, o Superego exigia uma conduta moral extremamente centrada, consequente e inibidora. Se você quisesse garantir um bom futuro, era prudente desde cedo se concentrar nos estudos e mais futuramente em encontrar um bom partido - um rapaz ou moça de boa reputação - para que pudesse formar sua feliz (ou não) família. Logo, o Superego dos indivíduos dessa época exigia deles uma conduta exemplar e, dizendo isso, não quero alegar juntamente que as pessoas não faziam suas devassidades porque, ah, elas faziam sim... A diferença é que elas faziam muito bem escondido e, quando não era o caso, suas ações imprudentes poderiam sujar seu nome ou o de sua família inteira. 


"Meninos no escuro não vá procurar
Dirão coisas belas para depois lhe magoar
Meninos no parque se deve encontrar
Pois lá estão os mais galantes que há"
VERSINHO POPULAR, 1898

Se vocês pensam que a sociedade atual continua pregando - em sua maior parte - os mesmos valores dos sécs. XVIII, XIX e do início do séc. XX, eu venho pedir que leia o meu ponto de vista, levando em conta o que venho observado e compreendido melhor ultimamente. As pessoas hoje em dia estão cada vez mais adotando uma forma de vida estimuladora de que se colha o dia presente e se seja o menos confiante possível no futuro. (CARPE DIEM) Eu sei que todos nós podemos observar este fato sem que precisemos fazer  muito esforço, inclusive venho dizer que eu tentei fazer parte deste modo de vida julgado "correto". Entendam, sei que os mais velhos dizem que esperam de nós uma boa conduta e que sejamos pessoas decentes, mas eles apenas dizem isso. Através de suas ações eles nos mostram exatamente o contrário. Posso citar como exemplo aquele pai que quer proteger sua filha do mundo para que ela seja uma moça respeitável, mas que deixa a mesma, menor de idade, fazer o que bem entende quando quer. Muitos podem considerar este um exemplo hipócrita, por isso irei usar um exemplo próprio onde posso elaborar melhor esta questão. Eu sou uma garota de dezenove anos, que cursa uma faculdade federal no momento e que passa, muitas vezes, para os adultos de sua família uma imagem de filha exemplar. Meus pais são divorciados, e sempre que vou passar um tempo na casa do meu pai eu o pego me elogiando para os amigos dele - casais com idades por volta de 33-40 anos. Esses dias mesmo, meu pai tinha bebido e começou a falar do quanto se orgulhava de mim, disse também que eu participava de concursos onde eu me vestia de personagens japoneses (cosplay) e que eu já havia ganho dois troféus. Nesta hora, eu pude ver a luz nos olhos dos amigos e amigas do meu pai se apagando. Alguns se entreolharam e deram aquele sorriso amarelado, disseram o quanto aquilo era legal e me olharam como se eu fosse de outro planeta. Em seguida, eles desviaram o assunto perguntando se eu estava namorando ou apenas "de pegação"; se eu gostava de ir nas casas de show e boates mais conhecidas na minha cidade e se eu bebia. Ao negar isso tudo, eles novamente deram aquele sorriso inicial e me olharam com cara de: "Que gracinha essa menina, mas ela deve ter algum problema de desenvolvimento para se comportar desse jeito, será que o pai dela está ciente disso?". Por isso, sofri noites sem dormir pensando se eu mesma me considerava imatura, visto que existem meninas de quinze anos que aparentam serem mais velhas que eu em suas práticas e ações, e pensando no que me tornava uma pessoa diferente delas. Dependendo do ponto de vista eu posso ser uma otária, assim como posso ser uma "boa garota", que dá no mesmo hoje em dia. 



YOLO segundo o Urban Dictionary, traduzido porcamente por mim: 
Abreviação de: Você só vive uma vez. A mais idiota das desculpas para algo estúpido que as pessoas fazem, também uma das mais irritantes abreviações de todos os tempos. 
Exemplo: Pessoa 1: "Hey, eu ouvi falar que você engravidou aquela garota..."
Pessoa 2: "É, cara, mas, hey... YOLO!

Queria compartilhar que eu passei por uma fase deste gênero neste último ano que me rendeu memórias engraçadas e divertidas, reveladoras até... No entanto, eu senti que muitas coisas foram vazias. Não quero dizer que você fazer uma merda aqui ou acolá, beber um pouco com os amigos ou ser um pouco inconsequente de vez em quando não é bom, é sim, e eu pratico isso até hoje. O que eu não pratico mais é essa YOLAÇÂO à todo momento, sem pensar nas graves consequências que esta pode gerar, apenas seguindo as palavras do meu Superego, que gritam a todo momento: "O que você está fazendo aí parada? GOZE! GOZE! GOZE!". Conversando com um amigo sobre as chopadas que ocorrem em nossa universidade, e que eu morria de vontade de ir, ele me contou o que presenciou em uma delas. No início foi tudo muito divertido para ele, todos bebendo, dançando e rindo.  Então, chegou o momento no qual todos começaram a se pegar, quem era solteiro(a) pegava três, quem tinha namorada(o) também, e sabe-se lá mais o que ocorreu naquela noite. (Ainda assim, quero poder passar por essa experiência eu mesma.) Esse pessoal quer YOLAR durante a juventude inteira para se formar depois, ganhar um bom dinheiro no mercado de trabalho, arrumar um(a) parceiro(a) fiel e de boa conduta que vá ignorar tudo o que eles fizeram quando mais novos e criar uma célebre e feliz família. Será que isso é possível? 

Gostaria muito de ouvir a opinião de quem é a favor, quem já foi adepto e não se deu muito bem e de quem é contra este novo modo de vida imposto pela sociedade. Por isso, irei pedir que os interessados em expressar-se deixassem um comentário respondendo: "Você está ou não gozando com a gente? Por que?"

Até o próximo post.




segunda-feira, 17 de junho de 2013

Tell everybody that you're gonna leave!

Finalmente chegou a minha hora. Agora eu sei o quanto isso é verdadeiro e sei que tenho que escutar esse chamado. Irei tentar começar a explicar com calma, mais uma vez...
Eu nasci em Niterói, uma cidade grande do Rio de Janeiro, porém fui trazida logo em seguida para uma cidade pequena e rural chamada Maricá. Hoje em dia a cidade melhorou bastante, porém continua sendo uma cidade pequena. Portanto, eu tenho cabeça de uma menina de cidade pequena e isso tem se mostrado cada vez mais nestes dois últimos anos, nos quais entrei para a faculdade particular e, logo em seguida, a federal, quando criou-se a necessidade de ir para Niterói todos os dias da semana. 
A cidade do Rio de Janeiro eu não conheço e só estive lá quando era mais nova, hoje em dia é uma parte desconhecida em meu mapa. O engraçado é que até mesmo a cidade de Niterói que frequento há quase dois anos é um lugar desconhecido, uma vez que até dentro de um dos shoppings que eu mais frequento, consigo ficar desnorteada. No início, eu passava por experiências de quase morte diariamente ao atravessar as ruas, esbarrava nas pessoas por andar totalmente desligada e todos os meus amigos mais familiarizados riam de mim, o que eu acho errado pois eu sou a garota que ainda no seu primeiro ano do ensino médio ia nas excursões da escola apenas porque o ônibus sempre parava no Mc Donald's, e isso era a atração principal para todos da minha turma! Certa vez um rapaz desta cidade me chamou para sair e eu me encontrei com ele no tal shopping que eu mais conheço. Eu realmente me senti como uma idiota porque eu não lembrava em qual andar ficavam as coisas - até mesmo hoje não lembro - e acabou que saímos de lá para ir a outro shopping e eu realmente fiquei perdida. Tipo, de verdade. Me sentia uma tonta sendo carregada por ele pela mão para cima e para baixo, sempre perguntando onde nós estávamos e tendo minha vida salva umas 100 vezes na hora de atravessar as ruas. Sele ele quisesse me sequestrar ou algo do tipo acho que eu não iria nem desconfiar. Talvez eu só seja tapada mesmo... 

Como toda garota de cidade pequena, eu tiro foto de qualquer coisa que eu ache bonita em Niterói!

Alguns dias da semana são realmente complicados porque eu fico das oito da manhã até às onze da noite em Niterói e isso realmente me deixa sem tempo e sem forças para estudar. O caso é que, neste semestre, dois amigos meus passaram e entraram para a mesma faculdade onde curso Psicologia - a UFF - e a ideia de nos mudarmos e morarmos juntos soou extremamente conveniente, embora agora ela esteja dando um pouco de dor de cabeça pela demora de sua execução. EU QUERO SAIR LOGO DAQUI!
Quando um dos meus professores disse para todos os alunos que nossas casas não tem mais nada a nos oferecer, que agora tudo o que irá nos acrescentar está do lado de fora delas, tenho que confessar que achei um pouco exagerado e grosseiro... No entanto eu consigo enxergar isso claramente agora. Eu simplesmente não suporto mais o ambiente da minha casa, é algo tão pesado... Minha mãe sempre preocupada com o trabalho, problemas dela com o meu padrasto, entre mil outras coisas... Que acabam me atingindo, queira eu ou não. 
Espero que não me levem a mal, mas, como eu disse à minha mãe esses dias, eu realmente a amo, exceto nos momentos nos quais eu quero poder ir para cima dela. Talvez pareça apenas o exagero de uma adolescente, talvez o seja de fato, porém quando eu falo para algumas pessoas sobre situações que eu tenho que suportar - situações impostas por ela - as pessoas me perguntam como eu aguento, lido, aceito e não surto com isso tudo. Pois bem, senhores, eu estou prestes a surtar. Eu estou tendo que interpretar papéis demais dentro dessa casa para satisfazer as pessoas e logo eu não saberei mais qual deles representa a minha atual situação. Pior que isso, estou com medo de voltar a interpretar papéis com as pessoas que eu gosto e sabem como eu sou, isso é algo horrível porém eu sou muito boa nisso, infelizmente. Um dia desses eu senti tanta raiva, tanto ódio que a temperatura do meu corpo subiu e tudo que eu consegui escutar durante os próximos cinco minutos foram uns zumbidos estranhos que vinham de dentro de mim. Porém eu permaneci com a expressão mais calma e fria que eu sou capaz de fazer. Não posso estourar, não agora que estou tão próxima de conseguir a minha liberdade. 
No mesmo momento que sinto essa necessidade, eu sinto medo. Não medo do desconhecido, mas medo das consequências disso tanto para minha mãe quanto para mim. Quando eu deixar essa casa, eu irei deixar de ser a entidade da garota problema presente aqui e minha mãe e meu padrasto irão ter mais tempo ainda para olhar para os próprios problemas. Eu imagino o caos que irá ser e sinto compaixão pela minha mãe, não queria que ela tivesse de passar por isso. No meu caso, eu não estou indo para a "cidade grande" em busca de meus sonhos, para me dar bem na vida ou algo do tipo, acho que eu verdadeiramente desejo me dar mal como nunca. Ultimamente minhas ações têm me mostrado que eu irei cair feio e unicamente por minha própria culpa. Eu gostaria de saber lidar melhor com isso tudo, gostaria que o meu amigo Lucas já tivesse escrito em seu blog sobre esta experiência de sair de casa, porém acho que irei aprender na cara, na coragem e no caos. Talvez este post tenha ficado realmente confuso, mas eu precisava pôr esses sentimentos para fora. Espero ver vocês com a cabeça mais leve da próxima vez! 

 Se você já tem tudo planejado,
Então sobre o que se poderia berrar?
Essa cidade do meio-oeste vai sentir sua falta...
Apenas vá em frente e faça dar certo,
Mas primeiro venha e se solte,
Grite isso alto e conte para todos que você vai partir!
(BIG CITY DREAMS - NEVERSHOUTNEVER)

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Tragédias Gregas.



Acho que vocês sabem como é ruim quando tem um pensamento que, por mais que vocês tentem, não quer sair das suas cabeças. Agora imaginem viver durante cinco longos meses - que passam um pouco rápido, afinal o tempo está cada vez perceptivelmente mais rápido - com o mesmo pensamento latejando em suas mentes. Música, livros, séries, mangás, atividades... Nada parece ter algum poder contra esse pensamento, muito pelo contrário, alguns trazem ele mais para perto.

Uma curiosidade sobre lembranças:
Sempre achei que lembrar das coisas era algo bom, mesmo das dolorosas. 
Eu pensava que quanto mais eu lembrasse dessas coisas dolorosas enquanto fazia minhas atividades, mais rápido as lembranças iriam acabar e mais rápido não se teria mais o que lembrar. Eu estava enganada. É mesmo uma pena que a mente humana seja fã de carteirinha de associações e que uma lembrança ruim seja capaz de impregnar e ir apodrecendo todas as boas e as suas atividades, não é mesmo?

Como eu ia dizendo, fazem cinco meses - na verdade, acho que agora já devem ser quase sete - que venho carregado esses pensamentos cheios de força destrutiva, e eu realmente não sabia mais o que fazer para mudar isso, até esta última terça-feira, e eu quero compartilhar esta fórmula mágica com todos, o que vocês acham disso?! Estão prontos?

Vocês devem conhecer as Tragédias Gregas, ou ao menos o gênero "tragédia", mas irei dar uma definição apenas porque foi assim que tudo começou para mim. A tragédia nasceu e morreu no século V a.C., na Grécia. Foram peças que geravam compaixão e terror, encenações que ressaltavam o que há de mais poderoso no homem. Os heróis destas tragédias encarnavam as emoções e ela diferenciava o destino da escolha. A maior parte das tragédias eram apresentadas durantes os festivais de culto à Dionísio, onde elas concorriam entre si, algumas vezes. Elas paravam toda a cidade para que fossem assistidas, e ao sair da apresentação, a população se sentia mais aliviada - porque elas extravasavam suas emoções enquanto as assistiam. Então, acontece que eu tive uma aula maravilhosa de Motivação e Emoção sobre as tragédias durante essa semana, com uma professora juntamente maravilhosa. 

Uma característica da professora de Motivação e Emoção: 
Ela ama filosofia! (E Tragédias Gregas também!) Enquanto ela puder manter a matéria dela dentro da filosofia, ela o fará com gosto. Até este momento, ela ainda não conseguiu sair da parte filosófica e entrar na matéria em si. No último semestre, ela dava aula apenas sobre filosofia e ela é tão apaixonada que tinha até as Fofocas Filosóficas para nos contar toda aula sobre a vida de cada um dos filósofos, isso tornava tudo bem divertido, aqueles caras eram todos uns loucos.

Desculpa por interromper o texto para falar essas coisas mas eu realmente gostaria de compartilhar esse tipo de coisa totalmente dispensável com vocês. Continuando, a professora citou algumas Tragédias mais conhecidas e se focou em Édipo Rei de Sófocles. Eu senti o gosto amargo do arrependimento de ainda não ter lido o livro, que meu amigo Bernardo me emprestou há um tempão, e que muito menos foi devolvido. Um livro tão pequeno... Irei lê-lo esse final de semana.
Mas, para concluir esse primeiro post de retorno ao blog, o bonito de todas as Tragédias é que a maioria delas acaba em morte - ou em situações tão ruins quanto! Ok, não é isso. O herói trágico quase sempre morre e não é bem isso que é bonito, o lindo disso tudo é que os heróis sempre acabam morrendo ou em uma situação péssima porque eles aceitam os seus destinos. Eles simplesmente aceitam as merdas que aconteceram com eles, fruto de seus atos, mesmo que não seja totalmente culpa destes. 
Aposto que vocês sabem desses acontecimentos, onde por alguma razão a bosta bate no ventilador e nós muitas vezes temos um discurso de: "Não foi por minha culpa, eu fiz sem pensar!", "Não me julgue, eu apenas fiz uma escolha errada!" ou até  "Eu não tinha consciência dos meus atos!", entre outras variantes que eu tenho certeza absoluta de que existem. Pois bem, os heróis trágicos nunca dizem isso. Mesmo que eles não tenham culpa alguma e tenham sido "enganados" pelo destino, eles assumem os seus atos e aceitam a devida punição imposta à eles. Entendem o que isso quer dizer? Eles fizeram a escolha que fizeram porque era a única escolha que eles eram capazes de fazer naquele momento, e se eles pudessem voltar atrás, eles a fariam novamente. 
Mas é aqui que eu tocarei em outro ponto importantíssimo! Para o herói grego, não existe o famoso "e se" bastante presente no nosso dia-a-dia! E é justamente esse tipo de pensamento que vem me atormentando durante todos estes sete meses! (Finalmente cheguei onde eu queria!

Eu não vim até aqui propôr que vocês embarquem em uma viagem para o desconhecido repleto de monstros marinhos e criaturas mitológicas, abandonem suas esposas, maridos, filhos, animais de estimação... Venho aqui propôr que nós tentemos viver nossas vidas como se fossem Tragédias Gregas, sem que fiquemos pensando o que aconteceria se tivéssemos feito algo diferente, que a nossa condição atual não é nossa culpa... Porque vamos combinar que esta grande Tragédia irá acabar em morte mesmo, todos vocês sabem, não é? Eu irei tentar viver minha vida assim daqui para a frente, embora saiba que não será nada fácil, mas talvez eu consiga. ~

Quero agradecer à vocês que tiveram a paciência de ler este primeiro post até o final e dizer que estou voltando a postar do zero porque preciso organizar minha mente e minha alma para então poder seguir em frente em coisas que eu quero realmente fazer. Também quero deixar os créditos à Maya-san - que é dona de um dos blogs que eu sigo - por repaginar todo o visual do blog - que estava depressivo e pesado demais! Muito obrigada!

Até a próxima.